Através de uma construção teórica que se propõe a debater uma problemática de medidas urbanas por parte do Estado na cidade capitalista, é construído um tema chave para a compreensão do trabalho: Arquitetura política. Não no sentido banal do termo, mas no sentido de uma arquitetura, enquanto forma, que se propõe a estabelecer denominadores espaciais comuns para a sociedade que usufrui dela, onde a mesma estiver inserida. Para a compreensão deste debate foram elegidos duas bibliografias principais para argumentação teórica do trabalho: O livro ‘The Possibility of an absolute architecture’ de P.V. Aureli, e o artigo ‘Transversal Urbanization’ de Teresa Caldeira. Ambos recortes teóricos elegidos (apesar de um se aprofundar em questões de estética e forma da arquitetura, e outro em atuações urbanas como programas habitacionais e de crédito financeiro), compreendem como um à-priori a relação indissociável do caráter morfológico com o urbano, ou seja, a arquitetura e a cidade. Com base então neste estudo teórico, foram traçadas duas estratégias de ensaio projetual na favela da Nova Holanda, no Complexo da Maré, um recorte da cidade do Rio de Janeiro com intenso conflito social e que, de alguma maneira, tenciona as relações da cidade capitalista em tecidos urbanos consolidados e frágeis, informais e formais, privados e públicos. Os ensaios tiveram como premissa uma estratégia ambígua de intervenção, uma lidando com um cenário mais hipotético e outra sob uma perspectiva de intervenção habitacional do Estado, mesmo que também sob uma ótica ‘utópica’. Ensaio1 -Arquitetura em Escala p Neste método foram subvertidas algumas características físicas e espaciais identificadas no espaço, e usadas para questionar o modus-operandi da cidade capitalista, ressignificando estruturas temporárias e permanentes do recorte, e propondo uma conexão física-imagética com potencialidades encontradas na área, como galpões de arte, centros culturais, escolas etc. Ensaio 2 -Arquitetura urbana Neste método, através de uma perspectiva de adensamento urbano e infra-estruturação do espaço da favela, foram estabelecidos 3 atos de intervenção que se dão de forma sequencial de modo a não ser uma atitude formal impositiva, mas sim de uma absorção das demandas do local e potencialização das relações sociais que já existem.